Portadoras de endometriose possuem um risco maior de desenvolver câncer de ovário, e, recentemente, os fatores genéticos causadores dessa relação foram explicados por cientistas. Felizmente, essa conexão pode aumentar as chances de encontrar tratamentos para as duas condições.
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Segundo o “IFL Science”, de onde são as informações, a endometriose — quando um tecido semelhante ao revestimento do útero cresce fora do órgão — está entre as doenças mais subdiagnosticadas em mulheres mesmo em países com um bom atendimento de saúde. Ainda de acordo com o portal, mulheres que sofrem com a condição levam, em média, sete anos para serem diagnosticadas. Isso porque muitos médicos ignoram as descrições de terríveis cólicas menstruais, náuseas e outros sintomas.
Além de fazer com que mulheres enfrentem dor pélvica intensa e potencial infertilidade, essa negligência também pode arriscar suas vidas — já que pacientes com endometriose também apresentam um risco ligeiramente aumentado de câncer de ovário epitelial. Um novo artigo publicado no periódico “Cell Reports Medicine”, entretanto, oferece a esperança de que essa ligação possa ser transformada em algo vantajoso para quem sofre de ambas as condições.
Embora raramente fatal, o artigo observa que a endometriose “compartilha características com o câncer, incluindo comportamento metastático, invasão de tecidos, proliferação, angiogênese (formação de vasos sanguíneos) e diminuição da apoptose (morte celular normal)”.
O estudo
Na pesquisa da Universidade de Queensland, na Austrália, foram estudados os genomas de 25 mil pacientes com câncer de ovário e 15 mil pacientes com endometriose. “Nossa pesquisa mostra que pessoas portadoras de certos marcadores genéticos que as predispõem a ter endometriose também têm um risco maior de certos subtipos de câncer de ovário epitelial, ou seja, câncer de ovário endometrioide e de células claras”, constatou a principal autora do estudo, Sally Mortlock.
Os pesquisadores encontraram 28 locais no genoma humano associados a ambas as condições, com um sinal subjacente compartilhado em 19 deles. A identificação desses genes oferece um conjunto de alvos para os pesquisadores trabalharem, seja por meio de terapia gênica ou identificando as proteínas que os genes codificam.
Impactos para o futuro da saúde feminina
Aproximadamente uma em cada nove mulheres tem endometriose, e conhecer os riscos de se desenvolver câncer de ovário pode adicionar ansiedade à situação. No entanto, Sally observa que o perigo só se aplica a certas formas de câncer de ovário — endometrioide e de células claras, como mencionado em seu depoimento.
“No geral, os estudos estimam que 1 em cada 76 mulheres correm o risco de desenvolver câncer de ovário ao longo da vida, e ter endometriose aumenta isso ligeiramente para 1 em 55, então o risco geral ainda é muito baixo”, pontuou a autora. Uma correlação muito fraca também foi encontrada com câncer de ovário seroso de alto grau.
As descobertas, portanto, podem ser mais importantes para as implicações da pesquisa do que o perigo pessoal de uma mulher com endometriose. No entanto, se a mensagem da conexão com o câncer for absorvida, essa pode ser uma maneira de fazer com que mais médicos levem as pacientes a sério quando elas descrevem os sintomas da condição.